destruir (..) o prazer
destruir
adormecido na abstracção do tempo
desfaço as nuvens docemente - bebem as lágrimas deste rio
que percorre o teu rosto transparente
de noite quando
a lua se esvai em luz
reflectida
os teus olhos emergem
na agonia da fragilidade humana
sinto que a vida é dilacerada aos poucos até ao limite
e absorvo visualmente
a sombra dos teus
olhos vazios, a melodia do
teu prazer mortuário e
as tuas enfadonhas carícias
a vida é dilacerada aos poucos até ao limite
vulto doentio que me
faz desesperar
em ódio ardente
aos poucos até ao limite
e derramo os
tecidos deste pescoço como
as pétalas das tuas rosas
que morrem na volúpia do teu jardim
até ao limite
o prazer
Nelson Silva
27 de Janeiro de 2006
3 Comments:
É bonito apesar de extremamente decadente. É fruto da época e do teu estado de espírito, é justo.
Se saíres desta onda não serás o Nelson que conheço. Um Nelson que extravasa os sentimentos de uma forma tal que os dilacera e os reparte em pequenos bocados de poesia como este…
O Nelson que eu conheço é positivamente realista, mas é um sujeito poético um tanto quanto imerso em sentimentos de profunda decadência que mistura o “bater no fundo” com o desejo e prazer carnal, no entanto não há alusão a uma pessoa mas sim a um espectro que tanto o leva ao auge como o leva à total ruína. É tocante neste aspecto.
E depois é a linguagem que é altamente rebuscada e que dá a cada pedaço escrito um toque de fantasia, de sonho e de terror também.
Ósculos ardentes.
Floco de Neve, muito obrigado pelo teu comentário. Gostei muito!
Beijos.
imenso este limite!!!!!! Muito bom, nelson!!!!
Enviar um comentário
<< Home